sexta-feira, 7 de maio de 2010

A VIDA CONTINUA

Diz-se que “tudo na vida passa”, que tudo é uma questão de tempo e que a tempestade também termina até que a bonança tome o seu lugar. O mesmo vale para o futebol. Hoje (sexta-feira) ninguém mais fala sobre o sucesso do Grêmio e o soçobro do Inter no Campeonato Gaúcho. São páginas viradas na história das referidas agremiações; uma feliz, outra nem tanto.
O que ainda repercutem são os comentários do que ocorreu nesta quarta-feira no Olímpico e na quinta-feira no estádio Beira Rio, respectivamente nas disputas distintas que envolvem as duas agremiações. O encarnado desdenhou a competição regional e priorizou a de nível a de nível continental. Deu-se mal naquela e é visto com reservas nesta.

Nossos pais, sabemos, vive e respira futebol. Particularmente, graças a Deus esta atmosfera não me é mais imprescindível, mesmo porque, quer seja na vitória ou na derrota a vida continua. O dia seguinte (the Day after), segunda ou quinta-feira, podem ser mais pesados aos perdedores, ou mais leves aos vencedores, mas é apenas uma questão de tempo e tudo volta ao normal porque há atividades tão ou mais importantes do que o futebol para nos preocuparmos.

Era até esperado e, portanto não foi novidade o Grêmio (embora com uma equipe apenas razoável) conquistar o campeonato gaúcho. A derrota gremista no último embate frente ao arquiinimigo, embora a vantagem obtida no primeiro confronto, ofuscou o brilho da conquista. Mesmo respeitando outras opiniões não vi motivos para desfraldar bandeiras, fazer passeata e muito, mais muito menos mesmo, soltar rojões. Continuo pensando que está última atitude é uma forma de ignorar a liberdade das outras pessoas, especialmente as que não são aficionadas pelo futebol.

Pode ser até aceitável e normal, no meu ponto de vista eu a torcida se manifeste ao comemorar os feitos da sua equipe, dentro e fora do campo como sói acontecer quando, por exemplo, é exibido um caixão com as cores e o nome do aniversário simbolizando a sua morte (fracasso). Anormal é quando esta atitude é tomada pelos jogadores como foi o caso dos atletas do Grêmio. Da mesma forma é parte do contexto ouvir e ver outras manifestações de torcedores. Porém, é no mínimo estranho e provocador incitar o técnico do time adversário como fizeram os atletas do Santos capitaneados pelo experiente Robinho: “Wanderlei pode esperar que a tua hora vai chegar! Não poderia a referida provocação servir de revanche? E se o efeito fosse o contrário?

O (nosso) país do futebol tem que evoluir em se tratando de comportamentos, tanto dos jogadores, quanto da torcida e da imprensa. Basta compará-los a outros países como é o caso das competições européias. Os atletas podem até jogar com rispidez, mas são leais; as torcidas têm outro perfil. Tanto é verdade que em muitos estádios sequer existe alambrado de divisão entre elas e o campo de jogo. Acredito piamente que a imprensa lá se mostra mais profissional e racional, menos bairrista e provinciana do que a nossa. O fanfarrão do Galvão Bueno é um exemplo quando abre a goela e grita: é tetra...! é tetra...! é tetra! São devido a estes e outros comportamentos que o futebol acaba perdendo o seu brilho, sem mencionar outras restrições como: somente as reformas dos estádios das cidades sedes dos jogos da Copa do Mundo custarão mais de cinco bilhões. Sem comentários!

Não obstante, na vida continua para os vencedores e perdedores. Talvez a torcida do Santo André esteja ainda inconformada com a atuação azarada da “bandeirinha” que anulou o gol legítimo que lhe daria o título de campeão paulista. Na dúvida é o mais popular que leva vantagem. Os pequenos que se danem! Fosse do outro lado, a jogada seria invalida? O pior de tudo é que, embora as câmeras das televisões captem todos os detalhes e as imagens dispensem comentários este recurso é ignorado na hora de decidir. Até quando haverá resistência? Menos mal, de um jeito ou do outro a vida continua até, logicamente o momento do desenlace. Mesmo assim, para quem crê na transcendência ela (vida) “não é tirada, mas apenas transformada”. Não sei se o colega e advogado leitor João Bottan é menos ou mais ligado ao futebol e se comunga com o meu ponto de vista, mas ele e você, leitor tem o livre arbítrio. Portanto........
Jornal Bom Dia - Colunista: Neivo Zago

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