domingo, 2 de maio de 2010

A fórmula do remédio para curar e a fórmula do veneno para matar é a mesma

Existem profissionais que são tão bons naquilo que fazem, mas tão bons que acabam desempregados. Eu tenho um colega, o Clóvis que passou por uma situação dessas, em seu primeiro ano na empresa como supervisor de vendas o Clóvis começou a construir uma reputação muito positiva a de superar qualquer desafio que aparecesse na frente dele. O Clóvis era um líder que não tinha medo de cara feia e foi um dos poucos supervisores a atingir os seus objetivos anuais, por isso foi promovido com méritos a gerente de filial e o seu nome começou a ser falado na empresa inteira. O Clóvis, todo mundo repetia, era capaz de enfrentar, peitar e derrubar qualquer empecilho que tivesse pela frente. No fim do ano, o Clóvis foi promovido a gerente regional e se transferido para o escritório central da empresa e aí foi das outras áreas sentirem na pele a enorme energia do Clóvis, porque ele não pedia, mandava, mas como seus resultados continuavam excelentes os outros gerentes não tinham muito do que reclamar.

A princípio o Clóvis impôs respeito, o que é bom, depois o respeito virou reverência, o que é ótimo, em seguida a reverência virou temor que já não é tão bom assim, porque o temor sempre gera conspirações silenciosas. Mas o Clóvis não estava nem aí para os conspiradores de corredor, o negócio dele era resultado e não simpatia, e o Clóvis manteve seu ritmo alucinado, aumentou suas críticas aos colegas mais lentos e menos comprometidos que na opinião do Clóvis eram todos. Até que finalmente o Clóvis recebeu a notícia de que infelizmente a empresa estava redefinindo o perfil de seus gestores, uma desculpa meio sem pé nem cabeça, mas a verdade é que o Clóvis mesmo sendo o mais eficiente gerente da empresa perdeu o emprego. O problema do Clóvis foi de não ter entendido que a fórmula do remédio que pode curar e a fórmula do veneno que pode matar é a mesma fórmula, a diferença está, simplesmente, na dose aplicada.

Comentário de Max Greninger na Rádio CBN no dia 05/07/2005

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